- Um grupo técnico será criado, mas as obras não serão interrompidas.
Foi isso o que informou o vice-prefeito Sebastião Melo no discurso de encerramento da reunião entre secretarias da prefeitura e comunidade, realizada no dia 29 na Câmara Municipal de Porto Alegre. A reunião foi aberta e contou com a participação de vereadores, representantes dos bairros afetados pela trincheira, ambientalistas, engenheiros de trânsito e conselheiros do Orçamento Participativo.
Após mais de três horas de discussão, com declarações inflamadas de ambos os lados, acertou-se o retorno do grupo de trabalho misto entre comunidade e prefeitura e uma reunião, ainda nesta semana, entre técnicos e engenheiros de ambos os lados. Ainda assim, e contrariando o pedido da Associação de Moradores da Praça Japão (AMAPRAJA), a retomada do diálogo não inclui a interrupção da obra.
A reunião técnica colocará na mesma mesa os técnicos da prefeitura responsáveis pelo planejamento da obra e engenheiros contrários a ela. A prefeitura já adiantou que, independente do resultado desse encontro, não há como alterar o projeto da trincheira, e se dispõe apenas a ajustar medidas como posicionamento e tempo de semáforos. Uma futura audiência pública foi cogitada, mas não confirmada, e de qualquer modo não terá poder de mudar o projeto. Esse posicionamento por parte da prefeitura levou os moradores a questionarem qual o motivo de encontros que não mudam nada.
Confirmou-se, na ocasião, que a prefeitura
não realizou estudo de impacto de vizinhança, sob a alegação de que este é um relatório substituível pelo laudo ambiental - informação contestada por vereadores presentes - e de que a obra da trincheira foi aprovada antes de passar a valer a lei municipal que obriga a realização de tais estudos. Os demais documentos foram entregues numa pasta à AMAPRAJA, que ainda não teve tempo de conferir se todos estão ali.
COMUNIDADE QUESTIONA GERENTE DA EPTC
Durante a reunião, a presidente da AMAPRAJA, Anna Luísa Bolognesi, fez diversos questionamentos sobre o projeto. A prefeitura respondeu a maior parte deles através da gerente de planejamento de trânsito da EPTC, Carla Meinecke. Confira o que ela respondeu sobre algumas das questões postas:
- Posicionamento dos semáforos: foi confirmada a necessidade de um semáforo para permitir a travessia de pedestres entre os dois lados da av. Carlos Gomes. De acordo com a gerente da EPTC, o semáforo será acionado através de uma botoeira inteligente, ou seja, apenas quando houver pedestres desejando atravessar a via;
- Aumento do congestionamento na av. Correa Daudt: o receio de que a eliminação da conversão à esquerda na Carlos Gomes cause um engarrafamento duas quadras abaixo não vai se confirmar caso todas as obras da III Perimetral se concluam, segundo a EPTC. A multiplicidade de opções de trajeto irá desafogar o fluxo da Anita - o que, novamente, faz os moradores questionarem a utilidade da trincheira, se a própria prefeitura já tem outras outras soluções para o trânsito.
- Duplicação da Anita: será feita, mas a prefeitura não soube dizer quando. Apenas disse se tratar de uma "prioridade".
- Eliminação do comércio de bairro: de acordo com o Plano Diretor, a III Perimetral e os corredores de centralidade servem como ponto de germinação de comércio e visam tornar os cidadãos menos dependentes do Centro Histórico para satisfazer suas necessidades de consumo. As transformações da cidade, na visão da prefeitura, fazem com que o comércio na Anita Garibaldi fique em segundo plano na concepção urbana.
Foi confirmado também o orçamento da obra: R$ 10.430.984,63. Segundo o engenheiro da trincheira, o custo de mais de R$ 16 milhões anteriormente informado no
Portal Transparência na Copa foi um engano.
O secretário da SMAM, Luiz Fernando Záchia, disse que o número de 250 árvores é referente à quantidade a ser plantada para compensação de impacto ambiental; o número de árvores removidas da Anita Garibaldi será menor. Os locais de plantio ainda não foram definidos.
PRÓXIMOS PASSOS
Ainda nesta semana será realizada a reunião técnica e, após isso, uma nova reunião das secretarias da prefeitura com os representantes das associações de bairro. As datas estão para ser confirmadas. A audiência pública continua uma incógnita. Enquanto isso, a obra continua.